Livro: O DEMONOLOGISTA - Andrew Pyper

Se você quer um livro empolgante de terror, que te prenda com reviravoltas, cenas de ação, algo no nível de O Exorcista, que te faça terminar e falar: UAU! Pegue outro no catálogo. O Demonologista não é exatamente o que você procura.

Resenha Último Ato! 

• Nome original: The Demonologist
• Autor: Andrew Pyper
• Editora: Darkside
• 320 páginas
• 1ª Edição – 2015

Sinopse:

“A maior astúcia do Diabo é nos convencer de que ele não existe”, escreveu o poeta francês Charles Baudelaire. Já a grande astúcia de Andrew Pyper, autor de O DEMONOLOGISTA (DarkSide® Books, 2015), é fazer até o mais cético dos leitores duvidar de suas certezas. E, se possível, evitar caminhos mal-iluminados.
O personagem que dá título ao best-seller internacional é David Ullman, renomado professor da Universidade de Columbia, especializado na figura literária do Diabo – principalmente na obra-prima de John Milton, Paraíso Perdido. Para David, o Anjo Caído é apenas um ser mitológico.

Ao aceitar um convite para testemunhar um suposto fenômeno sobrenatural em Veneza, David começa a ter motivos pessoais para mudar de opinião. O que seria apenas uma boa desculpa para tirar férias na Itália com sua filha de 12 anos se transforma em uma jornada assustadora aos recantos mais sombrios da alma.
Enquanto corre contra o tempo, David precisa decifrar pistas escondidas no clássico Paraíso Perdido, e usar tudo o que aprendeu para enfrentar O Inominável e salvar sua filha do Inferno.

David Ullman é um professor de literatura na faculdade que está com a vida um pouco - ou muito - bagunçada. Seu casamento se encontra em ruínas, sua mulher o trai com outro homem (e fala disso abertamente), e ele sabe que mais dia, menos dia terá que enfrentar a situação.

David tem um relacionamento muito próximo com sua filha de 11 anos, Tess, e ela é o bem mais importante dele. É quando, acabando o ano letivo, que ele recebe a visita misteriosa de uma mulher mais misteriosa ainda, a que ele passa a chamar de "Mulher Magra", que veio contratá-lo de acordo com seus conhecimentos em demonologia. Ela não diz o nome, quem a enviou, menos ainda detalhes sobre o assunto. Apenas entrega a David uma quantia em dinheiro, passagens de avião para Veneza e sai sem deixar rastros.

Ullman diante do declínio do casamento e o pedido direto de divórcio da esposa, resolve aceitar o trabalho misterioso. Pega a filha e parte no dia seguinte para Veneza, e lá ele começa a enfrentar diversos casos que ele mesmo jamais acreditaria que poderiam existir.

Imagem: Instagram @annmymourac

Bom, vamos com calma. Eu li este livro em e-book, inicialmente porque há anos queria a versão física, mas sempre tive imprevistos na hora de adquiri-lo. Eu queria ler Os Condenados do mesmo autor, tenho a edição física dele, mas como O Demonologista era meu desejo de consumo há muito tempo, resolvi ler ele no Kindle antes. 

O início do livro e a ideia central dele é bastante na mesma fórmula dos livros de Dan Brown. Uma pessoa desconhecida vai até um professor universitário especialista em algo e sem muitos detalhes o leva para um local diferente, assim ele pode resolver uns assuntos. O problema é que o que David, o personagem principal faz, é muito raso, assim como os personagens em si e os diálogos. Deixe-me explicar melhor.

O livro promete mundos e fundos. Promete ser aquele livro de terror. O vilão da história, o antagonista, só o que faz é mostrar seu poder o tempo todo. Entendemos amigo, você é um demônio, sabemos do que você é capaz. Temos aproximação forçada entre melhores amigos e ainda com a própria filha de David - a ideia do diário é muito boa, mas ele acrescenta quase nada na história.

Inclusive, vem uma mulher em seu escritório, aparentemente trazendo alguma coisa que é perigosa para você. Você não sabe com quem vai falar nem o risco que vai correr quando ir para a viagem. O que você faz neste caso? Leva sua filha, claro, bora correr riscos juntos. Oi?!

As descrições também pecam um pouco. Não interessa realmente se a personagem X está usando vestido Y com sapatos cor Z enquanto segura da forma W a xícara de um restaurante milimetricamente descrito enquanto um devoto de Satã - literalmente - está aprontando mundos e fundos pelos EUA afora.

Andrew Pyper. Imagem: Darkside Books.

A escrita é um pouco confusa também. Não é meu estilo favorito de escrita, muitas vezes é fácil se perder em quem disse o quê na história, e ter que voltar para tentar compreender o diálogo. O final é fraco, inclusive.

Bom, vamos deixar pra lá um pouco as críticas. A edição física da Darkside como sempre é maravilhosa, uma das capas que considero mais bonitas de todo o catálogo da editora. A lombada é linda, afinal, a editora preocupa-se com cada detalhe, desde arte da capa até o corte de páginas. Com isso chegamos à tão famosa conclusão de que não se pode julgar livro pela capa.

O Demonologista ao que tudo indica terá uma adaptação para o cinema, e desta vez eu espero que o filme modifique a história e encaixe um final surpreendente. Há obviamente quem goste e ame este livro, então eu ainda assim o recomendo para mais leitores. 

Levarei um tempo maior para ler Os Condenados, para digerir a história de O Demonologista e arriscar novamente no autor. Não podemos esquecer que é o que eu disse: há quem goste do livro. Estou apresentando aqui algumas falhas que notei durante a leitura. 

A tradutora, Cláudia Guimarães fez seu trabalho muito bem, o que eu disse sobre a história é inteiramente de construção do próprio autor. Vamos aguardar a adaptação sair e com certeza trarei para vocês uma resenha sobre ela.

Bom, por hoje fico aqui, espero que tenham gostado - e entendido - a crítica ao livro de hoje. Nos vemos na próxima! Até lá!

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