domingo, 24 de setembro de 2017

Filme: RANCOR - Edward Dmytryk

Hoje vamos mergulhar em um clássico noir!





Título: Rancor
Título Original: Crossfire
Ano: 1947
Direção: Edward Dmytryk
Gênero: Noir
P&B - 86 min






Nos Estados Unidos após o fim da Segunda Guerra Mundial, um ex-combatente de origem judia é assassinado em seu quarto de hotel. O corpo de Samuels (Sam Levene) é encontrado por uma mulher, e o detetive Finlay em sua investigação encontra evidências que um soldado pode vir a estar envolvido no caso.

O roteiro do filme foi muito bem escrito por John Paxton e nos papeis principais temos três Robert's, Robert Ryan como Montgomery, Robert Young como Capitão Finlay e Robert Mitchum como Sargento Felix Keeley.



Imagem: IMDB
O filme mostra como a intolerância e o preconceito estão introjetados na sociedade, em um claro caso de antissemitismo. Um ponto muito interessante na produção, é que a cena do assassinato é vista em flashbacks de diversos pontos de vista durante a trama.

A história é uma adaptação do livro "The Brick Foxhole" de Richard Brooks que trata de um tema diferente ao antissemitismo: ele fala sobre homofobia. Porém o tema caiu na censura do Hays Code (Código Hays ou Motion Picture Production Code), um código criado no início dos anos 1930 com o propósito de censurar produções do teatro e cinema, tentando encaixá-las nos padrões conservadores da sociedade.

Temas como uso de drogas, adultério, suicídio, sexo, homossexualidade, nudez, eram totalmente barrados por este código que teve seu auge em 1934. É interessante o fato de o filme retratar o preconceito da sociedade em relação a um grupo, ao mesmo tempo sendo censurado por essa mesma sociedade que não acha aceitável ver a realidade como é.

Fico imaginando um dos apoiadores do Código Hays, uma pessoa aleatória, homofóbica, sentindo-se horrorizada com a violência do filme. Será que se Crossfire tivesse tratado o tema original esta mesma pessoa se sentiria da mesma forma? Eis a questão.


Capa da cartilha do Hays Code.
Ao contrário do que houve com Crossfire, houveram protestos contra o código, um dos mais famosos sendo o do diretor Howard Hughes com seu filme "The Outlaw" (que em breve será resenhado pelo Útimo Ato). Howard se recusou a cortar cenas do filme em que mostram o busto de uma das atrizes, e não só o lançou como também fez uma campanha publicitária histórica em seu lançamento.

Com manifestações deste tipo o código (finalmente) entrou em declínio nos anos 1950 até entrar em desuso nos anos 1960. Ele deu lugar a classificação por faixa etária utilizada até hoje.

Como será que seria o filme se utilizado o tema original? Fica a curiosidade e a vontade de vê-lo.

Imagem: Blog dos maníacos por filme.
Crossfire foi indicado a Oscar de melhor filme, melhor diretor, melhor ator coadjuvante (Robert Ryan), melhor atriz coadjuvante (Gloria Grahame) e melhor roteiro adaptado, além de ser indicado a melhor filme no Bafta Awards, Edgar Allan Poe Awards, tendo ganhado neste último, e melhor filme e temática social no festival de Cannes, também recebendo o prêmio.

Eu particularmente adoro filme noir, então imediatamente este já havia me chamado a atenção. Podemos ver uma crítica social muito grande na trama, e atuações maravilhosas dos envolvidos. Vale a pena ver, além de ser um filme bem curtinho.

Por hoje eu fico por aqui, nos vemos na próxima, galera! 

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