domingo, 30 de abril de 2017

Filme: O ARTISTA - Michel Hazanavicius

Spoiler: esse filme é maravilhoso.






Título: O Artista
Título original: The Artist
Ano: 2012
Direção: Michel Hazanavicius
Gênero: Comédia, Drama, Romance
Duração: 100min
País: França







George Valentin (Jean Dujardin) é um ator famosíssimo da era do cinema mudo. Ele é amado, idolatrado, e seu trabalho é muito elogiado. Ele está no topo. Peppy Miller (Bérénice Bejo) é uma de suas fãs, que tem o grandioso sonho de se tornar atriz. O ano é 1927 e os filmes lançados estão mais populares como nunca, levando multidões ao cinema para assistir a essas produções.

Então George se depara na produtora onde trabalha (Kinograph Studios) com uma revolução: o cinema falado está chegando, e os testes com falas deram certo. Seu superior diz que irá adaptar a essa nova forma de fazer filmes, mas George só faz rir: ele se recusa terminantemente a ceder a essa "loucura". Ele duvida que o cinema falado venha a fazer sucesso.

Enquanto isso, Peppy consegue uns papeis pequenos em filmes menores. Aos poucos ela vai se sobressaindo e conseguindo aparecer cada vez mais. Quando se torna uma estrela, George lembra de tê-la conhecido em um lançamento de um filme dele, e até de tê-la ajudado no começo, mas nem se dá conta da diferença que já separa os dois. Ele lança um filme mudo independente, e aos poucos vê sua vida profissional - tanto quanto pessoal - decair.


Dujardin e Bejo como George e Peppy.
Vamos começar pelo que eu vi como referência nesse filme. Aliás, eu vejo referências a cada segundo de cada cena (hahaha), mas ao que notei inicialmente: a aparência, o rosto e o jeito de George me lembra muito Douglas Fairbanks, que ficou muito conhecido por filmes mudos como The Mark of Zorro, The Thief of Bagdad e Robin Wood. Algumas vezes eu lembrei também de Clark Gable ao olhar para George (mas talvez seja pelo icônico bigode).

A produtora a qual George e posteriormente Peppy são contratados, Kinograph Studios me lembra bastante a Keystone Studios - local onde Chaplin gravou os primeiros filmes de sua carreira em 1914. O dono da produtora, Al Zimmer é similar a Mack Sennet, dono da Keystone.

Enfim, mas fora essas referências, o filme é muito mais do que "algo biográfico" - podemos dizer assim, uma vez que conta a carreira de George e Peppy.


Em ordem da esquerda para a direita: Douglas Fairbanks, Mack Sennet e Clark Gable.
Abaixo a fachada do Keystone Studios de Mack Sennet.
O filme aborda muito bem a questão sobre como o ser humano é "descartável", onde se um ator não atinge quase que imediatamente as expectativas, ele é trocado por outro que "saiba fazer melhor". Porém isso não se aplica apenas em Hollywood: tente ir contra uma ideia de seu chefe no trabalho e por mais que sua ideia ainda seja muito boa, as chances de você ser descartado são enormes. 

Podemos ainda usar isso no dia a dia das relações pessoais: aquela pessoa que tem ideias diferentes das abordadas no grupo em que convive é "mais isolada".

A recusa de George - que podemos muito bem dizer que em grande parte é fruto de seu orgulho - é a mesma reação de Charlie Chaplin quando chegou o cinema falado. Ele se recusou a fazer parte daquilo e disse que iria continuar fazendo produções mudas. Uma vez que o vagabundo, seu personagem, falasse, ele estaria morto. Ele fez ainda duas produções mudas, City Lights (Luzes da Cidade, 1931) e Modern Times (Tempos Modernos, 1936 que você pode conferir a resenha clicando aqui) e ambas fizeram bastante sucesso. Em Modern Times, porém, nas cenas finais, temos o querido Vagabundo cantando uma música em um idioma que ele inventou - e sendo essa sua despedida das telas.

Outra referência também é a cena de sapateado de George e Peppy, que remete à Fred Astaire e Ginger Rogers e suas danças lindas juntos. O filme é uma aula sobre o cinema!



Há cenas geniais como uma onde George tem um pesadelo relacionado à essa chegada do cinema falado - onde tudo e todos possuem som, menos ele. Outra, onde Peppy se aconchega em seu paletó fazendo com que realmente pareça que tem alguém além dela ali. É um filme delicado, maravilhoso!

Uma coisa que preciso comentar - porque se não houver treta, não sou eu - é o fato de eu ter lido/ouvido pessoas falarem que não iriam assistir o filme por ser mudo, preto e branco, por falar de uma época que "ninguém se interessa", por não ser algo mais "picante" cheio de beijos e etc. Eu peço: por favor, antes de conhecer um filme precisamos pegar o preconceito, dobrar e enfiar num bolso bem apertado. A história do filme é linda e remete a uma era que se não houvesse existido, esses filmes atuais também poderiam não ser o que são hoje.

Então, vamos lá. Não é atoa que ele foi indicado a dez categorias no Oscar, venceu a de melhor filme, melhor ator, melhor diretor, melhor figurino e melhor trilha sonora, POR ISSO GALERA, SÓ VAI! <3



Alguém volta no tempo e dá um Oscar para esse dog, inclusive!
Por hoje é só meus amores. Espero que gostem tanto de The Artist quanto eu! Nos vemos no próximo!

2 comentários:

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