domingo, 9 de abril de 2017

Filme: CHOFER DE PRAÇA - Milton Amaral

Olá meus queridos e queridas, tudo bom com vocês?
Comigo está tudo tranquilo. Hoje resolvi finalmente pagar aquela promessa de falar de algum filme de Mazzaropi aqui no Último Ato. Ai vem a pergunta: mas por que justo hoje?

Quem me acompanha há mais tempo aqui no blog sabe que além de uma grande fã do trabalho de Mazzaropi, eu já fiz um vídeo contando a biografia dele: e 09 de Abril é seu aniversário! Nada mais justo que comemorar com uma produção do mestre. Para quem quer assistir o vídeo, clique aqui. Vamos falar do filme?







Título: Chofer de Praça
Ano:1958
Direção: Milton Amaral
Gênero: Comédia
P&B - 97min








Mazzaropi neste longa é Zacarias (mais conhecido como Caria) e é um senhor que mora no interior com a esposa Augusta (Geny Prado) e seu filho. O filho mais velho, Raul (Celso Faria) está na capital fazendo faculdade de medicina e morando em uma república. Seu curso está chegando ao fim e o dinheiro para a faculdade está ficando cada vez mais escasso, o que faz com que Caria e Augusta decidam-se em mudar para São Paulo à procura de emprego.


Raul tem uma amiga, Iolanda (Ana Maria Nabuco) que é apaixonada por ele e estuda na mesma faculdade. Quando ele vai morar com os pais na mesma vila que Iolanda, ela passa a frequentar a casa deles. Porém Raul não é um rapaz muito honesto: ele finge ser filho de pais ricos para poder namorar uma moça da área nobre da cidade.

Enquanto os pais (junto com o irmão que ficou no interior trabalhando e mandando todo dinheiro que juntava, e até o vigário) trabalham duro para pagar os estudos do rapaz, ele faz de tudo para manter as aparências e esconder a família verdadeira.

Imagem de: adorocinema
Este filme não é especial apenas por conter a primeira participação da incrível Geny Prado em longas de Mazzaropi, como também é o primeiro que ele produziu. Foi gravado nos estúdios da Vera Cruz, mas inteiramente produzido por Mazzaropi, que vendeu bens para conseguir fazê-lo. Quando o dinheiro começava a apertar, ele fazia turnês pra ir arrecadando mais.

Dito e feito: foi um sucesso tremendo.

O filme é uma comédia com uma pitada de drama. Sem contar o retrato das diferenças entre as classes sociais: o filme é do fim da década de 1950 e ainda assim atual. Já no começo podemos ver um exemplo vivo dessas diferenças: a cena de abertura é Caria e Augusta saindo de sua tranquila cidade no interior, pacata, sem muita movimentação, e depois a chegada conturbada na capital, onde até para atravessar a rua leva tempo e paciência.

"Faz nem dois dias que deixei o emprego e já estou procurando outro, hein? Bem diz o ditado: pobre só vai pra frente quando a polícia corre atrás."

Foto: Botucatu e Cultura.
Há também, ainda em relação às diferenças de classe uma crítica bem humorada aos grupos. Em certo momento no filme, vemos um grupo de mulheres conversando sobre "os absurdos" que são obrigadas a presenciar dentro da vila. Uma aponta o fato de falar diversas línguas, e acrescenta: "mas vou falar com quem aqui?". Isso mostra bastante que dentro de nossos grupos de convívio também há muita discriminação. Há alguém tentando sobressair-se sempre.

Caria passa todo tipo de situação como chofer. Adolescentes fugindo para casarem-se, senhor acima do peso que não deixa o carro sair do lugar, inclusive, aguenta diversos insultos sobre o carro que dirige, mas enfrenta tudo quando pensa no filho estudante. Augusta para ajudar, começa a lavar roupa de outras pessoas, dando o sangue durante o dia para que nada falte em casa.

Raul enquanto isso namora a filha de um casal rico. Aquela típica situação: finge ser quem não é para conseguir agradar/conquistar a moça. Durante o filme da muita vontade de dar uns tapas nele e fazê-lo acordar para a vida logo (hahahaha aquela pessoa revoltada né).

Imagem: YouTube Museu Mazzaropi
Augusta: "Sabe o que os vizinhos estão dizendo? Que nós somos caipiras e que nós nunca tivemos rádio!"
Caria: "Nós nunca tivemos mesmo..."

Uma curiosidade que eu falei lá no vídeo especial sobre o Mazza, é que a casa dos pais da namorada de Raul que Caria visita no filme, é a casa onde Mazzaropi morava com sua mãe em São Paulo. E outra: Elpídio dos Santos - seu compositor favorito - faz uma participação nesse filme.

O final inclui cenas com pitadas de drama, e é difícil imaginar Mazzaropi tão sério quanto ele está nelas (de verdade). A injustiça é revoltante, e o filme é bom para ajudar a repensar valores e atitudes. Vale muito a pena assistir.

Bom, é isso meus amores. Por hoje vou ficando por aqui, desejando uma boa noite para vocês, e um feliz aniversário a esse diretor, ator, produtor tão apaixonante. Nos vemos no próximo e até lá!

Ah, e se tiver um tempinho, da uma olhada no vídeo que fiz ano passado em homenagem a ele, para conhecer um pouquinho mais sobre esse ser humano incrível!


7 comentários:

  1. Conheci Mazaropi com meu pai, muito bom os filmes dele

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  2. Que bacana! Nostalgia pura, não é mesmo?
    Adoro os filmes dele também!

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  3. Muito bom, já tá na minha lista pra assistir, viva Mazzaropi!

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  4. Muito bom, já tá na minha lista pra assistir, viva Mazzaropi!

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  5. As imagens de são Paulo são incríveis o cidade linda!

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    1. Nada melhor que conhecer mais sobre um lugar que vendo essas imagens sobre ele <3

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