Livro: O ORFANATO DA SRTA. PEREGRINE PARA CRIANÇAS PECULIARES - Ransom Riggs

Se eu li o livro quase um ano depois de tê-lo ganho? Então, "eu posso explicar"...

Resenha Último Ato!

• Título Original: Miss Peregrine's Home for Peculiar Children
• Autor: Ramson Riggs
• Editora: LeYa
• 336 Páginas
• 4ª Edição – 2015

Sinopse:

Jacob Portman cresceu ouvindo as histórias fantásticas que o avô, Abe, contava. Na época da Segunda Guerra Mundial, Abe havia morado numa ilha remota, num casarão que funcionava como abrigo para crianças. Lá, ele convivera com uma menina que levitava, uma garota que produzia fogo com as mãos, um menino invisível… Entretanto, todas essas histórias foram perdendo o encanto à medida que Jacob crescia. Até que, aos dezesseis anos, tudo volta à tona para se provar real. Abalado com a morte misteriosa do avô, Jacob decide ir à tal ilha para tentar entender as últimas palavras de Abe: “Encontre a ave. Na fenda. Do outro lado do túmulo do velho.”
 Ele encontra o casarão em ruínas, mas, ao passar por um túnel subterrâneo, Jacob se vê em outra época, décadas atrás: em 3 setembro de 1940. Naquele lugar protegido no tempo, ele conhece crianças com habilidades peculiares e encontra as respostas para todas as suas perguntas. Mas o fascínio inicial logo se transforma em uma luta pela sobrevivência e para salvar a vida de seus novos amigos. Viagens no tempo, mulheres que se transformam em aves, crianças com dons inusitados e monstros à espreita. Bem-vindo ao “lar da srta. Peregrine para crianças peculiares”, um fascinante mundo novo pronto para ser descoberto.

Abraham Portman, o avô de nosso narrador, Jacob, viveu sua infância em um orfanato sobre o qual possui várias histórias que ele sempre que pode, conta ao neto. Ele foi para esse orfanato ainda criança, um judeu refugiado da Segunda Guerra Mundial. Sempre descreveu o lugar como o "paraíso das crianças" com muitos elogios envolvendo suas memórias.

Porém não são apenas memórias de quem sobreviveu a guerra, vai muito além disso. Abe conta que lutava contra monstros - e não estava se referindo ao seu tempo no exército - mas eram monstros de verdade. As crianças com as quais convivia, por exemplo, tinham cada uma sua peculiaridade, e ele tinha fotos que mostravam isso: uma criança invisível, uma menina que levita, um rapaz forte demais...

Jacob quando criança acreditava nestas histórias quando as ouvia, mas isso foi se perdendo quando sua inocência de jovem foi sumindo. Seu avô foi parando de contar as memórias, foi envelhecendo. Porém muitas verdades ainda estavam escondidas em tudo isso.

Imagem: Cineclick

Uma tragédia acontece e Jacob resolve ir atrás das respostas escondidas sobre o mistério que era a vida de seu avô. Tudo o que tinha como "guia" de sua aventura era uma carta, algumas instruções estranhas de Abe e muitos pesadelos para lhe acompanhar. Até onde tudo que ele ouviu durante a infância era verdade?

O final do livro é apenas um gancho enorme para segundo, quase que com um "To be continued..." ali pra aguçar as pessoas. Falando em aguçar, ao explicar quem são os etéreos na história, Ransom nos deixa curiosos para a continuação, uma vez que o segundo livro chama "Cidade dos Etéreos". 

O livro tem fotos ilustrando as passagens, e isso deixa a leitura mais rica e profunda. Eu particularmente adoro o método de ler sobre algo e ter uma experiência visual daquilo em seguida - faço isso lendo os livros de Dan Brown e a leitura que já era prazerosa se intensifica - e Ransom nos dá essa possibilidade sem precisar soltar o livro. 

Os capítulos, por sua vez, são bem longos (apenas 11 em 336 páginas), e embora eu seja uma amante de livros com capítulos mais curtos e objetivos, isso não me incomodou durante a leitura. A diagramação traz letras bem pequenininhas, o que pode vir a ser meio chato para algumas pessoas.

Srta. Peregrine. Imagem: Gazeta do Povo.

Talvez por ser o primeiro livro da trilogia, temos uma longa introdução na história de Jacob. A ação mesmo vem acontecer quase no finalzinho do livro. A escrita de Ransom é muito bacana - embora em alguns momentos muitos personagens participam do mesmo diálogo e eu tenha ficado um pouco "pera, quem disse o quê?" mesmo que esteja especificado quem foi.

Enquanto lia o livro, pensava sobre como seria uma criança peculiar em nosso universo, mas cheguei a conclusão que às vezes as respostas estão debaixo dos nossos narizes e a gente simplesmente não vê. O livro além de poderes mágicos, aborda bullying, discriminação, "os riscos de não ser igual". Não é preciso levitar para ser peculiar, é só preciso ser diferente.

O conceito de normalidade é muito discutido, e mesmo assim não é desconstruído. Aquela criança portadora de alguma necessidade especial, o menino tímido que chega a chorar de vergonha, enfim, as peculiaridades do mundo real são vistas em todo lugar. Então vem a pergunta: por qual motivo as pessoas excluem o outro com um olhar de desprezo? Será que não seriam eles os peculiares por sequer saberem o que significa a empatia?

Assim como nas memórias de Abe, hoje em dia temos muitas perguntas sem resposta...

A história em si também deixou perguntas em aberto. Por exemplo, o livro diz que uma família pode ter gerações sem alguém peculiar, então os pais de Abe sabiam que ele era uma criança diferente? E o pai de Jacob (filho de Abraham) é também peculiar? E sua irmã?

É possível que o segundo livro responda a essas questões e a outras que eu não me recordo por agora. Assim que eu lê-lo, certamente trarei a resenha para vocês!

Bom, e por hoje eu fico por aqui. Se você ainda não segue o blog, é só clicar no botãozinho de seguir ai no menuzinho ao lado do post. Ajuda muito!!

Espero que tenham gostado da resenha de hoje, nos vemos na próxima!