domingo, 24 de dezembro de 2017

Especial/Música: UMA VITROLA EM MINHA VIDA

Olá pessoas, tudo bem com vocês? Como andam os preparativos para as festas?

Bom, hoje como podem ver, resolvi trazer um post especial já em clima de natal. Essa data me traz muitas memórias boas, embora na medida em que a gente vira uma pessoa adulta com responsabilidades, a magia acaba não sendo a mesma. Porém o clima de reunião de família estará presente no texto de hoje, e espero com todo coração que gostem de ler assim como eu gostei de produzi-lo!


A ideia de escrever sobre minha experiência com a vitrola veio de um amigo muito querido, Fred, o qual conheço há seis anos ou mais, e pretendo levar para a vida toda. A minha vitrola atual (Vitrola Maleta Imaginarium) chegou até mim com uma experiência nada boa. Quem não tem uma condição financeira privilegiada sabe o quanto é difícil conquistar suas coisas, mas o quanto é satisfatório quando as alcança e isso nos traz até um carinho maior com aquilo. 

Presentes sempre são bem vindos quando não são mal intencionados, e a vitrola infelizmente chegou até mim em, digamos, um momento como esses. Mas, por sorte, o que ela acarretou em mim ao tocar os discos que eu ouvi pela última vez há muitos (MUITOS MESMO) anos acabou me fazendo esquecer um pouco sobre essas circunstâncias. 

Eu posso dizer que não vivo um dia que seja sem a música. Nem um dia sequer mesmo. Eu preciso ouvir algo, me conectar a algo. Devo muito isso à criação que meus pais, em especial meu pai, me deu: ele também é um apaixonado por música. Quando criança eu lembro que ele tinha uma coleção lindíssima de vinis, e raramente eu podia pegá-los, mas com razão. Achava maravilhoso o zelo que meu pai tinha com eles e mal podia esperar para crescer e ouvi-los. 

Imagem: Pinterest
Notei a influência desse zelo em mim quando tirei um disco da capa e o levei para a vitrola no dia em que ela chegou à minha casa. Meu primo chegou a comentar, divertido, o cuidado e a minuciosidade que eu estava tendo com ela. Pegando o famoso "bolachão" com cuidado, sem pressa, dei uma conferida nas músicas daquele lado (A ou B) antes de simplesmente colocá-lo para rodar. Não era nenhum disco que tinha na coleção de meu pai, era "New Traditionalists" da banda Devo, banda essa que vocês podem ver que eu falo muito sobre ela aqui, e disco esse meu favorito dos meninos.

Na coleção dele, tinha diversos discos nacionais e internacionais. Lembro-me de ficar encantada no encarte do disco "The Division Bell" da banda Pink Floyd, aquele disco era maravilhoso. E "The Miracle" da incrível Queen, com aqueles rostos se unindo e formando um só...

Foi com esses discos também que tive meu primeiro contato com bandas brasileiras que até hoje ouço com direito a toda nostalgia do mundo: Zero, Garotos da Rua, Hojerizah, etc.

O primeiro disco que ganhei na vida, comprado especialmente para mim, foi um da Eliana, ganhei quando eu tinha acredito que três a quatro anos de idade, era o segundo álbum dela, lançado em 1994. Eu ouvia aquele disco até dizer chega, e o tenho até hoje guardado com a dedicatória dos meus pais na capa. Tenho certeza que se o colocar na vitrola hoje, as memórias de quando eu o ouvia dançando pela casa e colocando minha mãe pra pular junto, virão à tona no mesmo instante.

À esquerda "The Division Bell" de Pink Floyd, à direita "The Miracle" de Queen.
De volta ao momento em que eu tirei "New Traditionalists" de sua embalagem, fiz uma pausa para conectar a vitrola no som, sabendo que poderia amplificar a música nele. Coloquei o disco em seu lugar, a liguei, e foi ao encostar com todo cuidado do mundo a agulha no começo do vinil que ouvi aquele som maravilhoso que tanto fazia falta tomando conta do lugar: o chiado que precede uma música.

Da coleção de meu pai só restaram alguns discos, infelizmente. Ele não soube explicar o que aconteceu, embora eu tenha certeza que ele se desfez dos vinis e não queira me contar como o fez. Mas "Carne Humana" e "Passos no Escuro", os dois únicos discos de estúdio da banda Zero estão aqui, assim como alguns do Lobão, Garotos da Rua (LP de 1986) e alguns que eram de minha mãe, como "Love's in the Air" de 1993 e "Faith", de George Michael, de 1987.

Sinto falta dos vinis da Hojerizah. Ai vem a pergunta: mas não é só ouvir em MP3 e coisas do tipo? Sim, eu ouço em outras plataformas, mas é aquilo que eu disse: discos de vinil me trazem memórias. E elas só podem ser acessadas quando a agulha da vitrola os reproduz. 

"Passos no Escuro" e "Carne Humana", banda Zero.
Eu posso dizer que tive sorte. Tive sorte de ter tido essa experiência com música. Lembro de meu pai colocar um disco e ouvi-lo, cantando junto, enquanto eu sentava perto e tentava ainda pequena entender as letras. Depois veio o CD, e os vinis foram ficando mais parados, porém nunca esquecidos. Algo aconteceu com a vitrola que tínhamos, e acabou que fui ficando anos e anos (não vou citar números porque não é necessário hahaha) sem ouvir um disco daqueles.

Os anos foram passando, diversas coisas acontecendo. Não moro mais com meu pai, mas como disse, os vinis que sobraram estão comigo. Sinto falta daqueles momentos, daquela infância, mas me contento por ao menos ter como lembrar muito deles. 

Sobre a dedicatória que ainda está no disco da Eliana, creio que seja a culpada por eu pedir dedicatória para alguém quando ganho um livro. Gosto de pegar aquele livro e me lembrar da pessoa, do momento em que o ganhei. Desse modo, de qualquer forma, fico feliz que na vitrola não veio alguma dedicatória, porque senão esses momentos, esse texto, essas boas memórias não estariam presentes agora, teriam sido tomadas pela raiva ou sabe-se lá o quê.

Imagem: Pinterest
Caso vá presentear alguém neste natal, pense a fundo sobre o que essa pessoa goste, sobre como a ligação dela com aquilo pode ser forte e fazê-la abrir um sorriso toda vez que ver o objeto (ou seja o que for). Não precisa ficar explicitado como aquilo chegou lá, eu já dei presentes anônimos para algumas pessoas simplesmente para dá-las o gosto de criar uma memória própria daquilo, e foi magnífico o resultado.

Seja presente anônimo colocado debaixo da árvore, entregue por um amigo, sempre pense na relevância daquilo. O efeito é mágico.

Esse post de hoje, cheio de memórias, de amor e carinho, eu dedico a, claramente, meu pai e meu querido amigo Fred. Obrigada pela paciência com essa pessoa que vos fala. 

Tenham todos os leitores do blog um feliz natal, repleto de alegrias! Ainda temos este ano uma última publicação, mas desde já eu desejo também um feliz ao novo, e continuaremos a nos ver todas as quartas e domingos em 2018. Até lá!

Imagem: Pinterest
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4 comentários:

  1. Olá Anny
    Véspera de Natal e não poderia deixar de passar aqui para ler mais uma publicação tua e desejar um Feliz Natal.
    Queria muito poder te dar um abraço, você sabe que essa nossa amizade vai perdurar por toda a vida, já te falei uma vez e repito: "Você é a irmã que não tive!"
    Anny, o texto está tão lindo, li com toda a calma do mundo, me deleitando com cada palavra, cada recordação. Impossível ler e não se sentir imerso em suas memórias, o texto te abraça de tal forma que você se vê ali, visualizando cada cena, cada detalhe, é leve e tão carregado de carinho.
    A música alimenta a alma de tal forma e poder reviver lembranças, como você as fez, com essa vitrola é tão bom, ouvir aquele chiadinho característico dos vinis, o cheiro, a visão do "bolachão" rotacionando em seu eixo enquanto a agulha quase que como um carinho arranca-lhe notas de uma melodia que nos transporta a outro mundo, é uma experiência única e quem nunca a teve, recomendo muito!
    A cultura do Disco de Vinil não pode ficar no esquecimento e você trouxe essa experiência aos teus leitores, repleta de carinho e recordações.
    Seus pais merecem um lugarzinho especial nessa história, a influência e o gosto pela música ajudaram a formar essa pessoa incrível que você é, sou grato por isso e por você gostar tanto de música que pude então te conhecer e ter orgulho de dizer que você é minha amiga.
    Obrigado amiga, pela dedicatória num post tão especial, obrigado pelos anos de amizade e por ser uma inspiração não só para mim, obrigado Anny.

    Feliz Natal pra ti e a todos os teus leitores.
    Até logo pessoinha!

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    1. Eu que agradeço por toda a paciência, todo o apoio e tudo que vem fazendo por mim todos esses anos, Fred. Obrigada pela ideia incrível de escrever sobre algo que amo demais. Seu comentário é inclusive, maravilhoso, sem palavras para descrever o que senti quando o li. Não querendo ser repetitiva, mas já sendo, feliz natal de novo hahaha <3
      te vejo no próximo post!

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  2. Natal, e não poderia haver uma publicação melhor para esse dia aqui no blog, repleto de memorias e nostalgias. Grande Fred, foi uma ótima ideia falar sobre vitrola e vinis mesmo. Objeto que se tornou um icone pra quem viveu essa época, e pra quem admira boa musica. Lembro de ter pegado um pouco dessa época também, os discos que mais me vem na memoria são os do Legião, era criança e já sabia a letra de todas as musicas, amava! Além deles, me vem na cabeça também Os Mutantes, The Doors e Tim Maia.

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    1. Discos maravilhosos! Certeza que quando você ouve umas músicas dessa época, você quase não se aguenta de saudades <3 hahaha feliz natal tony, obrigada por sempre estar comentando aqui <3

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