Filme: CURTAS DE CHAPLIN - Charlie Chaplin

Olá pessoas, tudo bom com vocês? Sim, mais um aniversário, e hoje é de outro queridinho meu: Charlie Chaplin. Ano passado em comemoração eu fiz a resenha de um de seus filmes, Limelight (que você pode conferir clicando aqui) e este ano fiquei pensando, como será que eu poderia homenageá-lo?

Pensei então em fazer resenha de curtas dele, e com isso, veio a ideia de selecionar um curta de cada produtora antes da United Artists. Foi difícil escolher só um, mas vamos lá!

Charlie sem o famoso bigodinho. Imagem: Pinterest.

Chaplin nasceu em Londres, 16 de Abril de 1889. Sobre sua vida eu irei falar melhor posteriormente, onde farei uma resenha sobre "Chaplin Uma Biografia Definitiva", escrita por David Robinson. Só é preciso ressaltar que desde sempre ele passou todo tipo de dificuldades: a fome, pobreza extrema,internações da mãe em hospícios...

Porém, no teatro ele mostrou seu talento. E em uma viagem para os EUA ele acabou sendo contratado por uma companhia cinematográfica, a Keystone de Mack Sennet. Foi assim que o mundo teve seu primeiro contato com esse gênio.

• 01- Keystone (1914)

Em 1914, Chaplin fez 35 filmes sob produção de Mack Sennet. Dentre eles tem o primeiro curta que assisti de Chaplin, "Recreation" (o primeiro longa metragem que vi dele foi "City Lights").

Porém o filme que escolhi falar desta época é "Dough and Dynamite". É complicado para mim, de certa forma, colocar o nome traduzido dele no Brasil, já que encontrei um milhão de traduções: desde Tortas Explosivas até Carlitos na Rosca (eu juro). Mas enfim.

Neste curta, Chaplin é garçom em um restaurante onde os cozinheiros - ou padeiros - entram de greve pedindo melhorias no salário. Quando o chefe nega pagá-los, eles prometem uma vingança contra ele. Enquanto isso, Chaplin assume a cozinha, e os antigos padeiros preparam uma armadilha colocando um dinamite dentro de um pão e fazendo com que este pão chegue no restaurante.

É muito fácil saber quando tem a mão de Mack Sennet na produção. Dá para ver que a história foi feita na base do improviso quando começa de uma forma e do nada muda o rumo. Sem contar o desfecho, clássico da Keystone. Sempre tem um toque meio violento, uma perseguição durante os curtas. Contudo conhecer os filmes dessa época da carreira de Chaplin é maravilhoso, porque na medida que vamos assistindo a eles, vamos também descobrindo quanto e quando Charlie foi ganhando mais espaço, mais voz no meio dos filmes que protagonizava.

Dough and Dynamite tem cerca de 28 minutos de duração e você pode assisti-lo completo abaixo.

• 02 - Essanay (1915/1916)

Chaplin fez 15 filmes nesta etapa e podemos ver neles o quanto sua criatividade já estava com um dedinho nas produções. Começa pela diferença nos números: enquanto na Keystone os filmes eram feitos um atrás do outro, totalizando 35 em um único ano, na Essanay só temos 15.

Eu poderia muito bem escolher o filme em que Edna Purviance, uma das mulheres que mais admiro no mundo do cinema, teve sua estreia como atriz, mas neste caso escolhi "The Bank", um dos filmes mais marcantes para mim nesta era Chaplin-Essanay.

Embora "The Bank" tenha sido produzido por Jess Robins, ele foi escrito, dirigido e protagonizado por Charlie. Ele é faxineiro de um banco onde a bela Edna é a secretária. Ele se apaixona por ela, e acaba passando por uma bela confusão: é aniversário do rapaz do caixa, e Edna apaixonada por ele, compra-lhe um presente. Acontece que esse rapaz do caixa também se chama Charlie, e Chaplin ao ver o bilhete amoroso de Edna destinado a um "Charlie", acaba achando que seu amor era correspondido.

É de cortar o coração ver o pobre Charlie triste quando descobre a verdade. A atuação de Chaplin é impecável, mas chega a ser desnecessário dizer isso sobre ele: ele é sempre impecável (me dá licença para puxar saco). É então que ladrões entram no banco, e cabe a Charlie resolver o problema. Não posso dizer mais porque além de que seria um spoiler, o filme é curto e vocês conseguem ver rapidinho. Vale a pena, juro.

Há cenas nesse filme que me comovem bastante. O carinho que Charlie e Edna tem um como o outro - e estou dizendo enquanto atores/amigos e não como personagens - é contagiante. Chaplin diz mais com expressões do que qualquer outra pessoa. Eu amo "The Bank" e é um filme realmente lindo. Ele tem cerca de 25 minutos de duração e você pode assisti-lo abaixo.

• 03 - Mutual (1916/1917)

Ah... O período da Mutual. Como eu queria falar de todos os filmes dessa época aqui! Um curta melhor que o outro. Charlie demonstra seu poder de criação com muita força nas histórias que conta, e eu quase que tive de fazer um sorteio para ver de qual filme falaria nessa etapa.

Com o contrato da Mutual, Chaplin escreveu, produziu, dirigiu e estrelou 12 filmes e por mais que "The Cure", "The Immigrant", "One A.M." e etc. mexam muito com meu coração, o escolhido da vez foi "Easy Street".

Neste filme Charlie é o querido vagabundo que anda sem rumo direto do nada a caminho de lugar nenhum. Ele entra em um centro de ajuda social (ou uma igreja) e decide ser um novo homem. Primeiramente porque se apaixona com a moça que trabalha por lá. Ele pensa então em como mudar sua vida e ao ver um anúncio onde mostra que se precisa de policial decide aceitar o emprego. Só que ele não sabe é que será mandado para a "Rua Calma".

Acontece que de calma a rua só tem o nome: é uma baderna, briga o tempo todo, bagunça, e tem um valentão que manda os policiais de volta para a delegacia - e todos quase mortos de tanto apanhar. Sobra para Chaplin tentar vencer esse cara.

Um detalhe sobre este filme é que aconteceu um acidente durante as gravações. Há uma cena em que Charlie encurva o poste sobre o grandalhão para sufocá-lo com gás, e ele puxa o poste forte demais que vem em sua direção rápido demais. Com isso ele bateu em seu rosto e cortou seu nariz, e eles pararam a gravação por bastante tempo. A cena está ainda no filme, e é cortada no exato momento em que o poste atinge Chaplin.

Esse curta é maravilhoso, Chaplin incluiu diversas Gags super divertidas, como por exemplo a cena em que ele "mete medo" nos moradores da Easy Street, que é tão bonita que chega quase a ser uma cena de ballet (sim). O filme tem cerca de 26 minutos e você pode assisti-lo abaixo.

PS: A cena do poste você pode ver no tempo 11:45.

• 04 - First National (1918 a 1923)

Chaplin escreveu, produziu, dirigiu e estrelou nove filmes neste período, e dentre eles temos o maravilhoso "The Kid" com Jackie Coogan. Eu poderia falar dele, mas por ser um filme longo e complexo, eu prefiro que ele tenha uma publicação só dele depois.

Nesta etapa vou falar sobre o curta "Pay Day" de 1922, o último curta metragem que Chaplin fez. Depois disso, viriam os maravilhosos longas de sua carreira.

Chaplin trabalha em uma obra a qual chega atrasado para o serviço. Tentando evitar que o chefe brigue com ele, leva até uma flor como pedido de desculpas. É apaixonado por Edna, a filha do chefe, mas só a admira já que é um rapaz casado.

No final do dia, recebe seu pagamento pelo trabalho, e ele ainda briga por ter recebido um valor diferente do que realmente teria direito... E mesmo sendo extorquido pelo chefe, ainda tem sua esposa que o espera na porta, com o objetivo de pegar todo o salário.

Em comparação a "Easy Street" ou "The Cure", podemos dizer que "Pay Day" lembra um curta Keystone: uma mudança no rumo da história aqui, um final diferente ali... Ainda mais contando que o penúltimo filme antes desse tenha sido "The Kid", uma obra prima. É uma comédia boa para se dar risadas e passar tempo, e é bom ver como Charlie encerrou essa etapa de curtas metragens.

Há a cena dos tijolos, onde Charlie na obra está sobre um andaime e recolhe todos os tijolos lançados pelos companheiros de serviço, uma cena incrível que junto com a cena em que ele tenta pegar o bonde para ir embora, fazem o filme. "Pay Day" (Dia de Pagamento) possui cerca de 21 minutos e pode ser assistido abaixo.

Eu gostaria muito de falar sobre todos os filmes dele, e ainda pretendo ter todo esse acervo aqui no Último Ato. Mas, como hoje foi apenas um aperitivo para o aniversário deste gênio do mundo do cinema, eu vou me despedir por aqui.

Um feliz aniversário para Charlie, que viveu em nome do entretenimento!

Nos vemos no próximo post, galera!